A Apple precisa de um iPhone mais barato para se manter a par dos rivais com preços mais baixos, afirmaram vários analistas, depois de as vendas terem ficado aquém das grandes expectativas que tinham sido criadas em relação à época natalícia.
As ações da Apple chegaram a cair 8,8% nesta terça-feira, a maior queda nos últimos 12 meses, um dia depois de a empresa ter comunicado resultados trimestrais, com as estimativas de receitas para este trimestre renovando os receios em relação à procura de smartphones na China e a um mercado global a esfriar.
A empresa de tecnologia mais valiosa do mundo perdeu 43 mil milhões de dólares de capitalização – mais do que o valor na bolsa do Twitter. A cotação desceu até aos 502,07 dólares. Fechou nos 506,50 dólares.
O investidor Carl Icahn comprou cerca de 500 milhões de dólares em ações da Apple – a terceira compra desta dimensão em menos de uma semana – para aumentar o investimento total na empresa para mais de quatro bilhões.
Nesta terça-feira, muitos analistas responsabilizaram o preço do iPhone 5C pelas vendas abaixo do esperado. Trata-se de um modelo mais barato do que o top iPhone 5S, mas que não conquistou quota de mercado aos rivais mais baratos equipados com o sistema Android, desenvolvido pelo Google.
“Não acreditamos que, com o iPhone 5C, a Apple tenha criado uma nova categoria de produto com expressão”, afirmou, num relatório, o analista Keith Bachman, da BMO Capital Markets, acrescentando que a Apple devia criar “um iPhone de preço médio com mais impacto” e mais barato do que o 5C, lançado em Setembro.
“A Apple tem a capacidade para baixar o preço do iPhone para concorrer mais agressivamente na faixa média, e acreditamos que a elasticidade resultante permitira uma melhoria nos lucros”, afirmaram analistas da Goldman Sachs.
A Apple manteve a margem bruta de 37,9% no último trimestre, com mais pessoas optando pelo iPhone 5S, que permite uma margem superior, do que pelo 5C.
A rival Samsung, porém, que tem um modelo de telefone para todos os orçamentos, aumentou a liderança frente à Apple, ao atingir 29,6% do mercado global de smartphones, contra 17,6% da Apple, segundo dados da empresa de análise Strategy Analytics.
“O mercado para smartphones top de linha parece simplesmente estar saturado”, escreveu o analista Rob Cihra, da Evercore. “Embora ter um smartphone barato e de baixa gama não se encaixe no modelo da Apple, não ter um limita o crescimento”.
Vendas do iPhone desiludem
O analista do Citigroup Glen Yeung afirmou que as vendas do iPhone abaixo do esperado surgem apesar das expectativas de vendas mais elevadas na China, onde a Apple assinou um acordo com a China Mobile, e de ter feito uma parceria com uma operadora líder no mercado Japonês.
Os analistas notaram que o abrandamento no crescimento das vendas do iPhone não se deve apenas a questões relacionadas com a Apple, referindo que os smartphones Galaxy, da Samsung, também têm sofrido um decréscimo de procura.
“Havia muitas razões para acreditar que as vendas do iPhone iriam crescer a dois dígitos em 2014, mesmo com o mercado mais maduro, mas os resultados do trimestre e as orientações para Março põem de lado essa tese”, escreveu o analista Tavis McCourt, da Raymond James.
“Assumimos que a parceria com a China Mobile iria compensar a sazonalidade de Março, mas isso foi demasiado optimista”, lê-se numa nota de analistas da Goldman Sachs. Muitos outros analistas, porém, disseram que a parceria começará a dar frutos quando for alargada a 340 cidades chinesas até ao final do ano. Atualmente, o operador comercializa o iPhone em apenas 16 cidades naquele país.
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