O crescimento nas vendas de smartphones que a Nokia vinha tendo ao longo de 2013 sofreu uma queda no final do ano, precisamente uma altura em que a procura por smartphones é tradicionalmente mais forte. A fabricante finlandesa vendeu 8,2 milhões aparelhos da marca Lumia no último trimestre de 2013, menos 600 mil do que no trimestre anterior. O saldo anual, porém, é positivo.
Os números foram comunicados pela empresa nesta quinta-feira, naquela que foi a última apresentação de resultados antes de se consumar a venda do negócio de smartphones à Microsoft, por mais de U$ 7,8 bilhões, valor que inclui a utilização da marca e de patentes. A transação, que será feita inteiramente em dinheiro, já foi aprovada pelos principais reguladores de mercado e deverá estar concluída até ao final de Março.
Em 2013, as receitas do negócio de infra-estruturas de rede (que será a principal divisão da Nokia depois da venda da unidade de smartphones) caíram 18% face ao ano anterior. Já as vendas dos serviços de localização HERE, que também permanecerão na multinacional finlandesa, recuaram 17%.
As receitas na divisão de telemóveis tiveram uma queda anual de 29% em 2013, apesar de a empresa ter vendido 30 milhões de Lumia nesse período, substancialmente acima dos 13,3 milhões de unidades de 2012.
“No curto prazo, os resultados são decepcionantes. Vender no quarto trimestre abaixo do terceiro é bastante negativo”, considera Francisco Jerônimo, analista da IDC em Londres, notando que isto acontece apesar de a empresa “ter investido muito mais em propaganda, de os operadores apoiarem muito mais o Windows Phone e de um portfólio que assente bem no mercado”. A IDC estimava vendas de dez a 11 milhões de Lumia para aquele período.
Por outro lado, refere Jerônimo, o crescimento anual é “claramente acima da média do mercado” e o analista considera que as perspectivas da Microsoft no setor são boas a longo prazo, uma vez que o sistema Windows Phone – que vem nos smartphones de várias marcas, mas cujas vendas são sobretudo em equipamentos Lumia – tem ganhado quota de mercado, embora ainda seja um distante terceiro classificado, com uma quota de 3,4%, atrás do Android e do iOS, da Apple. “Os consumidores ainda não vêem o Windows Phone como uma alternativa ao Android e ao iPhone e a Microsoft tem muito a fazer para promove-lo, incluindo atrair outros fabricantes”, argumenta Francisco Jerônimo.
A compra dos smartphones da Nokia faz parte da estratégia da Microsoft para fazer uma transição para uma era em que os computadores pessoais, nos quais está ancorado o negócio da multinacional americana, estão perdendo importância e em que os smartphones e tablets tem captado o interesse dos consumidores.
As ações da Nokia na Nasdaq caíam mais de 10% na sequência da comunicação de resultados.
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