segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Twitter, um serviço internacional com uma política bem americana

segunda-feira, 14 de outubro de 2013 - by Isaias Santos 0


Às vésperas de entrar na bolsa, o Twitter revelou que tem sim prejuízo. O negócio se baseia em formatos de publicidade pouco convencionais e na venda de dados dos utilizadores.

O Twitter é sem dúvida um serviço internacional. Usado por mais de 200 milhões de pessoas em todos os continentes. A rainha de Inglaterra, o Papa e o Dalai Lama tem uma conta, tal como muitos políticos (vários brasileiros) e grandes celebridades. Ajudou revoltas populares em países como o Egito, servindo de ferramenta de comunicação de difícil controle para as autoridades. Nesta sexta-feira, o comité do Nobel usou o Twitter para contactar a organização vencedora do Nobel da Paz, depois de o tradicional telefonema ter falhado. Porém, no que diz respeito ao negócio, o Twitter, que tem sede na Califórnia e está se preparando para entrar na bolsa, é essencialmente uma empresa americana.

Segundo informação entregue à Securities and Exchange Commission, um regulador de mercados, só um em cada quatro utilizadores é dos EUA. Mas é naquele país que o Twitter obtém 75% da receita.

Em termos financeiros, o valor de um utilizador dos EUA é muito superior ao do resto do mundo. A empresa, que faz dinheiro sobretudo com publicidade, não especificou quanto ganha com cada conta ativa. Em vez disso, usou outra métrica: quanto ganha com cada 1000 visualizações da timeline, a lista principal de mensagens. São 2,17 dólares no caso de mil visualizações por um utilizador nos EUA e apenas 30 centavos, em média, para os outros países (para os quais não há informação discriminada).

A empresa declarou ter objetivos de uma maior internacionalização, mas também apontou riscos nesta estratégia. Entre eles, estão as leis regulatórias da União Europeia (que contabiliza mais a atividade de empresas do que os reguladores dos EUA) e as dificuldades de acesso à Internet em alguns países, como acontece na Ásia e em África.

O limite de 140 caracteres que se tornou na imagem de marca até é menos sentido nos países asiáticos, onde um único símbolo representa uma palavra inteira e é possível empacotar muito mais conteúdo em muito menos caracteres. No entanto, dos seis países indicados pelo Twitter como aqueles onde espera mais crescimento, só um é daquele continente: o Japão. A este somam-se a Argentina, França, Rússia, Arábia Saudita e África do Sul. Já o importante mercado chinês foi classificado como um "desafio": não só o Twitter é bloqueado naquele país, como a China já tem um serviço semelhante, chamado Weibo, onde mais de 500 milhões de pessoas se registaram.

Publicidade diferente
A empresa faz dinheiro sobretudo com publicidade, mas também com a venda de dados dos utilizadores a outras empresas - informação como os interesses e comportamentos de um determinado tipo de utilizador é material precioso para outros negócios e as rede sociais estão em posição privilegiada para recolher imensas quantidades destes dados.

A publicidade representou 87% dos 254 milhões de dólares (587 milhões de reais) de receitas conseguidas no primeiro semestre.

No Twitter, o conceito de publicidade não é convencional. Em vez de exibir um anúncio, é possível pagar para que determinados conteúdos sejam inseridos no fluxo de informação a que os utilizadores são expostos e com o qual interagem.

A empresa vende três serviços de promoção. Por um lado, há os tweets que alguém pagou para que sejam mostrados entre as mensagens das contas que os utilizadores de fato escolheram seguir. Por outro, há contas cujos responsáveis pagam para que surjam na lista de sugestões de contas a seguir - um serviço que pode ser usado por uma empresa em busca de novos seguidores. Por fim, é ainda possível pagar para colocar um determinado assunto na lista de tópicos populares entre os utilizadores. Todos estes elementos são idênticos aos que a rede cria espontaneamente, excepto pelo facto de serem assinalados como tendo sido pagos. Isto significa que, tecnicamente, pelo menos, os conteúdos pagos podem espalhar-se da mesma forma que uma mensagem do cantor Justin Bieber, que tem a conta mais popular no Twitter.

Este ano, a empresa começou a experimentar, nos EUA, novos modelos publicitários, para aproveitar o fenômeno das pessoas que estão nas redes sociais comentando o que veem na televisão. Um dos formatos a serem testados mostra no Twitter publicidade relacionada com aquilo a que o utilizador está assistiindo na TV (e que é deduzido pelos algoritmos do Twitter através de uma análise das mensagens publicadas). Um outro formato permite aos canais difundirem na rede pequenos vídeos que também incluem anúncios.

Das grandes redes sociais do mundo ocidental, o Twitter é a única que decidiu a entrada em bolsa numa altura em que dá prejuízo. No primeiro semestre deste ano, a empresa teve perdas de 69 milhões de dólares (159 milhões de reais). Desde a fundação, em 2006, acumulou prejuízos de 419 milhões de dólares (964 milhões de reais, no câmbio atual).

Por contraste, o Facebook registava lucros trimestrais de 302 milhões de dólares quando anunciou, no ano passado, a oferta de venda inicial. Já em 2011, o LinkedIn fez uma bem- sucedida entrada na bolsa - tinha lucros de 915 mil dólares quando entregou a documentação ao regulador.

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